Carta Aberta à Comunidade Universitária da UFMS

Postado por: Observatório

A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul monitora de perto a pandemia do coronavírus (Covid-19). A situação continua mudando rapidamente e nossa principal prioridade continua sendo a saúde, a segurança e o bem-estar de nossa comunidade, dentro e fora do campus.

A cada dia, vários cenários de contingência são estudados e temos tomado ações decisivas, que são divulgadas em tempo real para limitar a disseminação da Covid-19, garantindo a continuidade de nossa missão institucional. A Universidade permanece aberta e operacional, com medidas apropriadas para proteger a saúde da comunidade, que será sempre comunicada de todas as medidas adicionais.

Com o aumento considerável das possibilidades de difusão do coronavírus no Brasil e em Mato Grosso do Sul, precisamos demonstrar nossa capacidade de solidariedade, articulação, serenidade e de comprometimento. Comprometimento que consiste em seguir à risca o que chamamos de isolamento social. É preciso que levemos a sério as medidas de restrição de mobilidade e aglomerações, para que nossas equipes de controle epidemiológico e de atendimento hospitalar possam atuar com segurança.

Nessa perspectiva, assumindo um compromisso institucional, conclamo toda a comunidade universitária a ser porta-voz desta medida drástica, mas vital. Precisamos do esvaziamento dos espaços coletivos. É importante que cada um de nós ouça com seriedade e acolha as recomendações das autoridades sanitárias. Precisamos FICAR EM NOSSAS CASAS. É nosso dever e prova de cidadania e de respeito à vida. A partir desta segunda, com a substituição das atividades presenciais por estudos dirigidos de forma remota utilizando meios e ferramentas de tecnologias de informação e comunicação e 100% dos nossos servidores em teletrabalho, com suspensão do atendimento presencial das Bibliotecas, nossa Universidade será esvaziada, mantendo-se apenas as atividades de enfrentamento da pandemia e as essenciais e emergenciais.

A UFMS assume o protagonismo estratégico no enfrentamento à Covid-19. Por meio de nossos pesquisadores somos capazes de gerar conhecimento científico e de inovação para o enfrentamento de soluções para a área de saúde, economia e sobrevivência do ser humano.

Estamos trabalhando, em parceria com outros órgãos e entidades, na produção de equipamentos de proteção para equipes de saúde, na produção de álcool glicerinado, no diagnóstico laboratorial, na orientação à comunidade, no apoio assistencial, e no apoio às equipes de saúde, dentre outros. Temos condições técnicas de organizar frentes de apoio, orientação e trabalho em diversos campos de atuação, diante da pandemia.

Todo conhecimento tem uma função importante e estratégica, de modo que precisamos nos manter unidos, sobretudo, neste momento de distanciamento social. Precisamos estabelecer e fortalecer uma rede colaborativa capaz de ouvir, orientar e compartilhar os anseios e as estratégias a serem criadas para superarmos os desafios que, com certeza, irão surgir.

Administrativamente, estamos mantendo o funcionamento de maneira remota, visando atender aos prazos e às demandas que, se não fossem atendidas, colocariam em risco nossa Universidade.

No que diz respeito à nossa missão no ensino, entramos na semana passada na fase de planejamento e organização da nova metodologia acadêmica baseada em estudo dirigido, onde os estudantes trocaram o ambiente presencial pelo virtual e deverão ocupar seu tempo nos próximos meses com videoaulas, chats, mensagens por whatsapp, troca de experiências, leituras, filmes, documentários e outras atividades que estão sendo estimuladas pelos professores.

Este cenário, quando comparado à suspensão do Calendário Acadêmico 2020, propicia a legalidade na manutenção das ações de incentivo ao ensino, pesquisa e extensão, os auxílios aos estudantes e as bolsas de graduação e de pós-graduação, contribuindo para minimização de prejuízos em um contexto que não se sabe precisar a duração da pandemia, e acima de tudo contribui para que os estudantes estejam ativos e focados no estudo, permanecendo em suas residências. Isso é contribuir para a saúde pública e saúde mental coletiva.

Mas, acima de tudo é preciso calma. Podemos dizer que estamos em um momento de adaptação. Em um momento de planejamento acadêmico e administrativo. Um momento de ajuste, entre professores e estudantes, unidos para o bem comum, para a construção do conhecimento. Também estamos em um momento de reclusão, de deixarmos a pressa e as preocupações com prazos e calendários de lado. Um momento de se colocar no lugar do outro.

A decisão pela transição para estudos remotos está alinhada ao nosso objetivo de reduzir o número de interações, diminuir a taxa de transmissão e proteger nossa comunidade universitária. É claro que há desafios pedagógicos, logísticos e tecnológicos para essas medidas extraordinárias, mas com toda certeza as lideranças da Universidade e das unidades acadêmicas estão aqui para apoiar sempre.

Neste momento, estamos mapeando os estudantes que necessitarão utilizar computadores e internet. Estes estudantes receberão instruções remotamente e deverão se preparar para atividades e interações severamente limitadas no campus. Estamos mapeando a situação de cada curso, de cada estudante, de cada professor, para que possamos em breve programar o nosso tão almejado retorno às atividades.

Estamos enfrentando um inimigo pouco conhecido. O isolamento e a ansiedade pelo mal invisível muitas vezes geram sofrimentos psíquicos, que devem dar espaço a atitudes que levem à positividade. A pergunta que fica é: Como vamos lidar com a situação? A primeira questão é lembrarmos que nenhuma atividade administrativa, de ensino, de pesquisa, de extensão e de inovação é maior do que nossa responsabilidade para com a vida, em especial para com a saúde física e mental de nossa comunidade. Precisamos de momentos para cuidar do nosso emocional.

Que nós saibamos proteger as nossas vidas, as vidas de nossos amores e amigos, a vida de todos os membros dos nossos municípios, estado, país e do mundo: todos somos um. Deixemos de lado nossa individualidade e trabalhemos no sentido da interdependência da vida. Esta atitude depende de você, depende de mim, depende nós. E por isso, mais uma vez, reafirmo que cada um de nós deve fazer a sua parte: FIQUE EM CASA!

 

Marcelo Turine
Reitor

 

Fonte: UFMS