Alunos de Contábeis e Economia apresentam artigos em evento internacional sobre gestão financeira
A área de gestão da Universidade Andina Simón Bolívar, Sede Equador, juntamente com a Universidade do Porto (Portugal), a Universidade Estadual de Maringá (Brasil) e a Universidade de Manizales (Colômbia), organizaram, nos dias 29 e 30 de outubro, o II Congreso Internacional de Gestão Financeira e Administração de Riscos Financeiros.
O tema central desta edição foi “Finanças Descentralizadas (DeFi), Fintech e Inteligência Artificial”, cujo objetivo foi contribuir para a análise e discussão dos aspectos teóricos e práticos relacionados à gestão financeira, utilizando métodos quantitativos, instrumentos de hedge e novas tecnologias financeiras.
A estudante de graduação em Ciências Contábeis, Renata Cristina Trevisan Soares, apresentou o artigo “Análise de contágio financeiro: Aplicação dos testes de covolatilidade e coassimetria”, fruto de uma orientação do Programa Institucional de Iniciação Científica Voluntária – PIVIC.
O acadêmico do curso de Ciências Econômicas, Luiz Guilherme Graciano Ribeiro Pereira, apresentou o artigo “Testando a hipótese de mercado conjunto em mercados latino-americanos sob estresse financeiro”, fruto de uma orientação de trabalho de conclusão de curso.
O professor Jorge Arévalo apresentou o estudo “Uma aplicação das metodologias de Forbes & Rigobon e Fry, marting & tang para avaliação de contágio financeiro”.
Os artigos foram desenvolvidos pelo Grupo de Estudos em Mercado e Avaliação Financeira (GEMAF), sob a orientação do professor Jorge Luis Sánchez Arévalo.
O grupo GEMAF participou de forma virtual na sala híbrida da ESAN.
Confira a entrevista feita com os estudantes pelo professor Jorge Arévalo.
1. Como surgiu a ideia de pesquisa?
Renata:
A ideia da pesquisa surgiu a partir das discussões desenvolvidas nos encontros do grupo de estudos, cujos temas estão relacionados a finanças, análise de risco, investimento e instabilidade dos mercados financeiros.
Durante essas discussões, houve o interesse em compreender de que forma choques, como a crise sanitária provocada pela Covid-19, impactam a correlação e a volatilidade entre diferentes ativos, especialmente o Ibovespa, o dólar, o ouro e o S&P500.
A partir dessas reflexões, surgiu o interesse em fazer o estudo, aplicando métodos como os testes de covolatilidade e coassimetria (sugestão do orientador), para entender essas relações entre ativos e a eficácia das estratégias de proteção (hedge). A troca de ideias e o acompanhamento nos encontros do grupo foram fundamentais para delimitar o tema.
Luiz Guilherme:
A ideia surgiu de uma proposta de pesquisa no grupo de estudo GEMAF da minha área de interesse.
2. Como você descreve a experiência de apresentar o artigo resultado do teu trabalho de conclusão de curso e qual foi o principal aprendizado?
Renata:
Apresentar o artigo foi uma experiência muito significativa e desafiadora, pois representou o encerramento de um ciclo de aprendizado e dedicação.
No início, houve um pouco de nervosismo, mas a experiência foi extremamente gratificante ao perceber que era possível explicar com clareza os resultados alcançados.
A exposição dos resultados possibilitou compartilhar com a comunidade acadêmica uma análise sólida sobre o comportamento dos mercados em períodos de crise e discutir um tema de grande relevância, além de que me permitiu ter o reconhecimento de todo o esforço que tive durante o desenvolvimento do estudo.
O principal aprendizado foi compreender que a pesquisa científica é um processo contínuo de construção, que exige rigor metodológico, análise crítica e, principalmente, capacidade de transformar dados estatísticos em conhecimento aplicável para o campo contábil e financeiro.
A experiência também reforçou a importância de aliar teoria e prática, mostrando como as ferramentas econométricas podem apoiar decisões de investimento e gestão de risco.
Luiz Guilherme:
Foi muito gratificante apresentar o artigo. O meu maior aprendizado foi a importância da atenção aos detalhes, tanto durante a pesquisa e a escrita. Todos os detalhes devem ser contados e levados em consideração.
3. Quais foram os principais achados dos estudos?
Renata:
Os resultados permitiram chegar a conclusões interessantes sobre a evidência de contágio financeiro entre os mercados durante a pandemia.
Por exemplo, verificamos um aumento expressivo da volatilidade, principalmente no Ibovespa, algo esperado.
O ouro, tradicionalmente visto como um ativo de proteção, apresentou função de hedge apenas parcial, perdendo parte dessa característica. Da mesma forma, o dólar também se mostrou limitado como instrumento de proteção.
Já o S&P500 exibiu forte sincronização com o Ibovespa, atuando como transmissor de contágio e não como alternativa de diversificação, algo que chama a atenção.
De modo geral, em períodos de crise, os ativos tendem a se mover de forma mais coordenada, o que reduz a eficácia das estratégias tradicionais de hedge e reforça a importância de modelos de diversificação mais dinâmicos.
Luiz Guilherme:
Os resultados do estudo questionam a aplicabilidade da forma estrita da Hipótese de Mercado Eficiente em mercados emergentes durante períodos de turbulência.
As quebras de eficiência descobertas, ainda que temporárias para Brasil e México, reforçam a validade da Hipótese de Mercado Conjunta (JMH) como um arcabouço mais robusto e realista.
As implicações práticas para gestores de portfólio e investidores são diretas, pois os resultados indicam a importância de uma abordagem dinâmica e responsiva à volatilidade.
O diretor da ESAN, professor Claudio Cesar da Silva, ressaltou que “a participação ativa dos estudantes e do professor neste congresso internacional reforça nosso compromisso com a excelência acadêmica e a pesquisa aplicada. Ver nossos alunos apresentando estudos sobre contágio financeiro e mercados sob estresse é motivo de orgulho e mostra que estamos formando profissionais preparados para os desafios da nova economia digital.”
Texto: professor Jorge Arévalo e Comunicação ESAN UFMS
Fotos: professor Jorge Arévalo



